terça-feira, 20 de julho de 2010

Delinqüência Tem Procedência na Família

Amadeu Epifanio - Rio de Janeiro(RJ) - 16/07/2010

Não é de hoje que estranhamos certos comportamentos advindo de jovens que mal saíram do estágio de infância, mas que ainda apresentam traços relacionados com esta faixa etária, como rebeldias e até agressividades (dependendo do caso). Não é prematuro afirmar que tal comportamento esteja relacionado intrinsecamente com a ausência de autoridade dos pais e que, permanecendo a fraqueza desta conduta, o estágio de rebeldia tem-se a manter-se ou mesmo agrava-se com o passar do tempo.

A questão da delegação de autoridade, da paterna à materna (ou vice-versa), é um dos primeiros dilemas conjugais, tão logo os filhos nascem, o que de pronto é reconhecido e identificado pela criança, tão logo esta já adquira os primeiros sinais de entendimento sobre o “mundo” que a rodeia. Como já diz o velho ditado: “Quando os gatos saem, os ratos fazem a festa”, aqui neste caso, quando a autoridade é ausente, a criança é quem manda.

Porque sempre é um dilema impor um comando sobre um ser tão indefeso ? O papel dos pais (para simplificar suas atribuições) deve passar, impreterivelmente, por 3 (três) fases distintas, à saber: A primeira é a fase do comandante, que vai desde o nascimento do bebê até a puberdade. É a etapa que compreende as lições (ou noções) de autoridade (hierarquia) e disciplina. Essa característica de comando é primordial para que a criança perceba de pronto, que existe “alguém mais forte” do que ela, à qual deverá exercer o princípio da heteronomia. A segunda fase à ser aplicada é a do treinador (semelhante às do jogo de vôlei, por exemplo), quando interrompe a partida sempre que o time não está rendendo. Em outras palavras, é difícil fazer nossos filhos “pararem de jogar”, mas podemos (como pais) solicitar à eles um “tempo-técnico” para passar-lhes novas instruções. Tais instruções compreende as etapas de disciplina e de educação. Essa técnica permite e favorece um maior contato com os filhos e estes por sua vês, contam de forma ininterrupta, com o apoio “técnico” dos pais, além do afeto mútuo decorrente. É bom que fique claro que não existe idade certa para se introduzir os dois tipos de comando, pois é os pais que irão perceber, quando é hora da criança entender e cumprir as ordens recebidas. Bom, se bem aplicadas as etapas anteriores, resta-nos a terceira e definitiva etapa, que é a do observador, que compreenderá a continuidade do ofício de treinador, aliado à uma relação de confiança mútua, construída ao longo de todo o processo, desde o nascimento da criança. Para se educar os filhos, é preciso pará-los e isso só pode ser feito com a devida autoridade e disciplina. Em escolas públicas ou privadas, sempre existe o dilema, por parte dos professores e até da direção, de como ministrar as aulas, com alunos tão imperativos, rebeldes e até agressivos. Sinal de que os pais não conseguiram fazê-los parar para ensinar. E, à meu ver, não cabe aos professores e às instituições de ensino, educar os “filhos dos outros”. Neste festival de higiene, onde todos lavam as mãos, qual o destino mais provável destes jovens ?